Há uma chance mais que decente em afirmar que independentemente do sítio onde tu estás, Montijo, Portugal é um sítio bastante recôndito e longínquo e só esse facto em si faz de Genes um génio' isolado da pop. Trabalhando maioritariamente por sua própria conta, Luís consegue subverter esta solitude com resultados brilhantes neste seu 2º disco de originais, "Genes". Mergulhando convictamente num ministério de música pop, a maneira como Genes utiliza os sintetizadores para explorar melodias tradicionais fazem o álbum soar mais a uma experiência psych-pop "revolver"-Beatle-esque do que a propriamente qualquer disco de Mccartney. De facto, constantes mudanças de um som para outro, como de uma guitarra encharcada de flanger e outros processadores moduladores ("Conde D'alva") para um approach mais sintetizado ("Viver Sozinho") aproximam mais Genes de um Brian Wilson do que de qualquer outra coisa, dando um feeling expansivo ao álbum e permitindo a Genes explorar mais texturas através de camadas e camadas e camadas de melodia, como em "Doce Travessura". Outras faixas eletronicamente desconstrutíveis como "Escolhido" ou "Coleguinhas de Quarto" provocam e atrevem tais interlúdios guitarrentos vs sintetizados para um potencial de excesso paródico que vem com cada extremo sónico.
Mas é a forma díspare como Genes equilibra tão un-forçada e despretensiosamente as duas eras - tanto o nebuloso cheiro de late 70's psych-new wave-rock pop, como em "Durmir no Sofá"; à espirituosa, moderna e cristalina groove de batidas synth-pop, como em "Basileia" - que fazem de "Genes" uma audição tão simples e tão visceralmente prazerosa. Roçando as referências da tv pop portuguesa de 80's como na Lena D'Água-esque "Atenção" ao próprio lambirinto espacial de "Comprimidos", as canções e as letras de Luís criam uma ambiência que é uma serena e solitária mão-de-obra repleta de som e textura e uma atmosfera que dá prazer em explorar, oferecendo uma jornada de pop clássico através de vibrantes pingos de noção moderna e uma construção de som experimentais. Mais importante, a parceria de Genes com Severo ajuda a domar uma selvagem e obstinada ambição de Genes num envelope de som mais robusto, mais acessível...
Frontman Luís D'alva Teixeira é também creditado nos notáveis vocais Motown-esque, relembrando as suas raízes gospel em coros harmónicos, como em "Ouvi Ali", que dão corpo aos sonetos e que voltam a aproximar Genes de uma ostensiva comparação a Brian Wilson ou mesmo e imperdoavelmente a Variações. Essa combinação de vocais esque-vintage bem intencionados e melodias propositadamente arranjadas e processadas fazem de "Genes" um dos discos mais impressionantes da era home-recording em qualquer lado, que mesmo imperfeito em qualidade técnica continua a soar soberbamente refinado e de bom gosto.

There is a more than decent chance of saying that regardless of where you are, Montijo, Portugal is a very secluded and far away place and that fact alone makes Genes an isolated pop genius. Working mostly on his own, Luís manages to subvert this solitude with brilliant results on his sophomore effort, "Genes". Steeped in a pop music ministry, Genes' use of synthesizers to explore traditional melodies makes the album sound more like a "revolver"-Beatle-esque psych-pop experience than any McCartney record. In fact, constant changes from one sound to another, such as a guitar drenched in flanger and other modulating processors ("Conde D'alva") to a more synthesized approach ("Viver Sozinho") bring Genes closer to a Brian Wilson than than anything else, giving the album an expansive feel and allowing Genes to explore more textures through layers and layers and layers of melody, as on "Doce Travessura". Other electronically deconstructable tracks like "Escolhido" or "Coleguinhas de Quarto" tease and dare such guitar vs synthesized interludes for a potential for parodic excess that comes with every sonic extreme.
But it's the disparate way Genes so unforcedly and unassumingly balances the two eras - both the hazy whiff of late 70's psych-new wave-rock pop, as in "Durmir no Sofá"; to the witty, modern, crystal-clear groove synth-pop beats, as in "Basileia" - that make "Genes" such a simple listen and so viscerally pleasurable. Touching references from 80's Portuguese pop TV, such as the Lena D'Água-esque "Atenção" to the very spatial labyrinth of "Comprimidos", Luís' songs and lyrics create an ambience that is a serene and solitary work of art full of sound and texture and an atmosphere that is a pleasure to explore, offering a journey from classic pop through vibrant drops of modern notion and an experimental sound construction. Most importantly, Genes' partnership with Luís Severo helps to tame Genes' wild, single-minded ambition into a more robust, more accessible sounding envelope... Frontman Luís D'alva Teixeira is also credited with the remarkable Motown-esque vocals, recalling his gospel roots in harmonic choirs, like in "Ouvi Ali", that embody the sonnets and that bring Genes back to an ostensible comparison to Brian Wilson or, and unforgivably to Variações. This combination of well-intentioned vintage-esque vocals and purposefully arranged and processed melodies make "Genes" one of the most impressive records of the home-recording era anywhere, which even imperfect in technical quality continues to sound superbly refined and tasteful.